08/08/2024
Nenhum outro estudo já tinha avaliado a influência na digestão da cana fresca por ruminantes
Pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro publicaram um estudo na revista Scientia Agricola, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), sobre o valor nutricional da casca da cana-de-açúcar na alimentação de ruminantes.
Apesar de vários estudos terem abordado a cinética de digestão das fibras da cana-de-açúcar, nenhum até então havia avaliado a influência específica da casca na digestão da cana-de-açúcar fresca por ruminantes. Com esse objetivo, os pesquisadores analisaram os efeitos dos diferentes componentes da cana-de-açúcar (casca e medula) na composição química, digestibilidade in vitro, energia metabolizável e qualidade geral da cana.
O delineamento experimental adotado foi de blocos casualizados em esquema de parcelas subdivididas. Foram testados cinco genótipos de cana-de-açúcar (RB068027, RB058046, RB987917, RB867515 e RB855536) e três componentes da planta (casca, medula e cana inteira), com cada tratamento replicado quatro vezes.
Os resultados revelaram que a casca da cana-de-açúcar contém maiores frações fibrosas, representando 87,33% da fração indigestível da fibra em detergente neutro (FDN). A casca também apresentou cerca de 71,20% mais lignina que o tecido medular. A digestibilidade in vitro da FDN da casca foi 18,38% menor que a da cana inteira.
Além disso, o genótipo RB068027 foi identificado como tendo a menor qualidade nutricional. Apesar do alto teor de FDN indigestível na casca, a elevada concentração de lignina impacta negativamente a qualidade das frações fibrosas finais, reduzindo o valor nutricional da cana-de-açúcar. Embora os genótipos não apresentem diferenças nutricionais significativas, o genótipo RB855536 destacou-se por seu maior rendimento de biomassa e energia.
Este estudo fornece insights valiosos para a utilização da cana-de-açúcar na alimentação de ruminantes, sugerindo que a presença da casca pode afetar a digestibilidade e, portanto, a eficiência alimentar. A escolha do genótipo certo, considerando tanto a produtividade quanto a qualidade nutricional, é crucial para otimizar os benefícios da cana-de-açúcar como fonte de alimento.
Fonte: Andréia Vital/Jornal Cana